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The Gay, the Bad and the Ugly: desvios de sexualidade e de comportamento no cinema dos anos 50

A censura ainda existia e a ameça comunista virava histeria. Neste contexto se desenvolveu o cinema dos anos 1950, em que por várias vezes os homossexuais foram retratados como vilões ou ao menos personagens perturbados. Qualquer desvio do comportamento considerado adequado era sinal de que havia algo mais de errado com aquela pessoa.
Lembremo-nos, por exemplo, de um célebre vilão, daquele que é meu filme favorito de Hitchcock: “Pacto Sinistro / Strangers on a Train” (1951): Bruno Anthony (Robert Walker), que propõe a troca de assassinatos com Guy Haines (Farley Granger). 

Em 1954, o peculiar faroeste “Johnny Guitar” contou com Mercedes McCambridge, usando roupas escuras e um pouco masculinizadas, como antagonista de Joan Crawford. Mercedes é amargurada porque, segundo algumas teorias, teria sentimentos mal-resolvidos por Vienna. Nem preciso dizer que Mercedes é a vilã da história. Outro exemplo de mulher-macho no western é Jane Calamidade, vivida por Doris Day no musical de mesmo nome de 1953.
 Se James Dean atrai todos os olhares durante a projeção de “Juventude Transviada / Rebel without a cause” (1955), é Plato (Sal Mineo) o personagem mais interessante. Sem amigos e vendo Dean ao mesmo temo como uma figura paterna e heroica, fica quase claro que se trata de um homossexual. A grande crítica que faço é o fato de o personagem não ter família, aumentando a crença na ideia absurda de que a homossexualidade pode ter causas como a desestruturação familiar. Como a maioria das personagens de “comportamento reprovável”, o inocente Plato serve de bode expiatório. Mais uma demonstração de inadequação à sociedade por causa da opção sexual pode ser vista no filme “Chá e Simpatia” (1956).  

Outro filme com subtexto gay é “Gata em teto de zinco quente / Cat in a hot tin roof” (1957), haja vista o desespero e desilusão de Brick (Paul Newman) após a morte de um amigo, fato que o leva a exagerar na bebida e tentar pular obstáculos como no passado. O resultado é uma perna quebrada logo na primeira cena do filme. Ele também é um pouco frígido em relação à esposa, Maggie (Elizabeth Taylor), e o fato de eles não terem ainda herdeiros incomoda o pai dele (Burl Ives).
 O ano de 1959 trouxe dois bons exemplos de intolerância: em “De repente, no último verão / Suddenly, Last Summer”, o personagem Sebastian, que nunca aparece, tem uma relação estranha com a sufocadora mãe, Violet (Katharine Hepburn) e acaba muito mal ao expor a sensual prima Catherine (Liz Taylor) em uma praia. Em “Ben-Hur”, há uma sutil história de amor entre o vilão Messala (Stephen Boyd) e Ben-Hur (Charlton Heston), algo que apenas Boyd sabia, o que influenciou bastante sua atuação. Por causa dessa temática, inclusive, Rock Hudson rejeitou o papel, aconselhado por seu agente. 

A década de 1950 não foi feita só de dramas: os musicais e as comédias também estiveram presentes. Novamente alguns personagens secundários carregavam o estereótipo do “sissy”, interpretado com maestria na década de 1930 por Edward Everett Horton. Eram retratados como cômicos solteirões, amigos do protagonista., como o personagem de Jack Buchanan em “A Roda da Fortuna / The Band Wagon” (1953).

Chegando em 1960, há ainda um resquício da subjetividade ao tratar do tema, perceptível numa das cenas mais discutidas de todos os tempos: o banho de Crassus (Laurence Olivier) por Antoninus (Tony Curtis) e o famoso discurso sobre “gostar de comer ostras e caracóis”. Só este breve momento já mostrava que o assunto continuaria presente nas décadas seguintes...

This is an entry for the Queer Film Blogathon, in its second edition, at Garbo laughs and Pussy Goes Grrr. Stay tuned in the event!
 

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